quinta-feira, 5 de setembro de 2013

INSÓNIA

INSÓNIAS OH PRAGA!
Começo com uma história que baila na minha cabeça e nem sei bem porquê.
“O Salim tentava dormir e ia rebolando e mexendo-se na cama em luta com o seu sono. A esposa, incomodada com tanta turbulência, pergunta-lhe:  Salim o que se passa porque te mexes tanto e não dormes?
O turbulento Salim responde-lhe: sabes o Nacib, o nosso vizinho aqui da frente? Sim o que tem ele? Pergunta-lhe ela ainda mais perplexa. Pois é, amanhã tenho de lhe pagar uma divida e não tenho o dinheiro. Ah então é por isso? Ela salta da cama abre a janela do quarto e começa a chamar pelo vizinho Nacib até este abrir a janela da sua casa perante o olhar atónito do seu marido e, também este extasiado e sobressaltado, responder aos chamados da esposa do seu vizinho. Sim o que se passa, o que aconteceu?
Com toda a calma ela pergunta-lhe: sabes da divida que o meu marido Salim tem de te pagar amanhã? Sim sei responde-lhe o assustado Nacib. Pois bem ele não tem dinheiro para te pagar. Boa noite Nacib. Fecha a janela e volta resoluta para a cama. Deita-se ao lado do perplexo Salim e diz-lhe: pronto marido agora dorme porque quem não vai dormir é ele. “
Esta história poderia ser a solução para um dos grandes problemas que ataca este precioso momento de todos os seres humanos – a insónia.
Já sei porque baila na minha cabeça. Sim estou com insónias. No entanto, nem sempre o assunto que teima não sair dos nossos pensamentos quando tentamos dormir se resume a problemas com dinheiro. Se assim fosse e o nosso vizinho fosse o credor, e tivéssemos uma cultura tipo judaica como as personagens da mesma talvez se tornasse numa excelente solução.
Estamos num país em crise. Vivemos massacrados com esta palavra e com os problemas económicos que ela acarreta. Há falta de dinheiro em muitos lares. Há problemas de fome e até muita escondida e envergonhada. Felizmente isto não é o meu caso. Na verdade estou atravessando, como todos, momentos menos bons em relação ao dinheiro mas, tenho conseguido, com trabalho e persistência, cumprir as minhas obrigações com o vizinho.
Ah mas o meu vizinho não mora na casa da frente. Não adianta abrir a janela e chamá-lo. O meu vizinho e o de muitos portugueses é o estado.
Ele mesmo um péssimo pagador. Ele mesmo deficitário. Enfim ele é um oportunista irresponsável que gerindo o que é nosso arrebentou com o equilíbrio orçamental (seja lá o que isto for). Ah seu Nacib malandro.  Deixa-me em paz e dormir tranquilo.
É, como não adianta ir para a janela berrar venho para o papel e escrevo.
Mas voltando à insónia e, como já disse, nem sempre são problemas de dinheiro que teimam não deixar nossa mente relaxar e desligar para usufruirmos de um precioso e retemperador soninho. Ou são?
Poderá não estar tão explicitamente representado como nesta história. Poderá ser a briga que tivemos com a esposa ou até com qualquer outro momento do dia em que, por ventura, não estivemos tão bem enfim, milhares de outros assuntos que, teimosamente, não saem da nossa mente.
Poderíamos, como nos computadores, ter um botão tipo “delete” e desligar a mente e dormir. É era uma boa solução. Não é, infelizmente, assim tão rápido nem simples.
Há, contudo, técnicas que podemos aprender que nos ajudarão nestes chatos e cansativos estados de insónia.
O primeiro conselho que todos os especialistas dão sobre este assunto é que, em vez de ficar lutando e rebolando na cama contra o sono que teima em não vir, o melhor é levantarmo-nos e fazer outra coisa.
Foi o que fiz como devem calcular.
Nesta “outra coisa” cabe muitas soluções e é aqui que tentarei ajudar.
Agora são horas. Tenho de ir trabalhar para pagar ao malandro do Nacib.

Rui de Caldevilla

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